quinta-feira, 10 de março de 2016

Introdução

O texto "Culturas Híbridas" traz um estudo sobre identidade, cultura, diferença, desigualdade, multiculturalismo, no decorrer do desenvolvimento histórico. A análise da hibridação do final do século XX é muito importante, pois é o momento em que esse conceito mais se estende, descrevendo processos como a globalização, viagens e cruzamentos de fronteiras, fusões artísticas, literatura, gastronomia, política entre outros. 

Por fim, o livro trata de ampliar a análise da hibridação, com um olhar para as variedades particulares, para entendermos melhor os movimentos globalizadores e a multiculturalidade criativa. 



Capa do livro Culturas Hibridas

As identidades repensadas a partir da hibridação

O autor inicia com a discussão sobre a palavra hibridação, que com os vários temas empregados, perdeu o sentido de ter apenas um significado.

Uma primeira definição dada pelo autor, é que hibridação parte de quando duas culturas são mescladas e criadas novas, contendo pontos positivos e negativos. Essas estruturas dadas pela hibridação, não podem ser chamadas de puras.

Cultura é transmitida de geração em geração e tudo que manifesta cultura passa por essa mistura de junção, por exemplo: fusão de melodias, projetos de artistas, casamentos mestiços, cruzamento de multimídia e multicultural, etc.

No século XIX a hibridação não era bem aceita, pois acreditava que prejudicava o desenvolvimento social. Em 1870, ocorreu o cruzamento genético em botânico, na qual foi melhorado crescimento, resistência, qualidade, valor econômico e nutritivo, assim como a hibridação de outros produtos como café, flores e cereais que aumentam a variedade genética das espécies e melhora a sobrevivência em outros climas.

A hibridação de novas práticas sociais e culturais ocorre de modo não planejado, por meio de processos migratórios, turísticos e de intercambio econômico ou comunicacional. 

Manifestações de cultura.

Da descrição à explicação

O estudo sobre hibridação é limitado apenas para descrever misturas interculturais, entre tanto devemos analisar que esse estudo interpreta relações de sentido que se reconstroem nas misturas. Percebe-se que essa fusão é também contraditória, pois a própria mistura pode gerar conflito devido a nova união, assim o processo de hibridação seria a desigualdade entre as culturas, sendo a que tem mais poder e prestigio garante o respeito entre as outras. 

Esse processo não pode ser visto apenas como "fusão e coesão", porque o conflito que gera devido as diferenças de identidade e origem leva a um confronto e diálogo, por isso que as políticas de hibridação impedem democraticamente as tensões das diferenças.



Conflito e fusão entre a cultura do índio e do português. 

Hibridação e sua família de conceitos

A mestiçagem e o sincretismo (combinação de práticas religiosas tradicionais) não se dão apenas pelas misturas biológicas, mas também pela mistura cultural envolvida entre eles.

O sincretismo aumentou de acordo com a imigração em países como Brasil, Cuba, Haiti e Estados Unidos da América, onde se tornou comum à prática de duas ou mais crenças religiosas, por exemplo: ser católico e participar de um culto afro-americano. 

A crioulização é uma mistura intercultural criada a partir de misturas com a língua no contexto de tráfico de escravos.


Esses termos derivam da hibridação, e continuam sendo usados na antropologia e etno-histórica. 

Conceito de mestiçagem representado na imagem.

As noções modernas servem para falar de globalização?

Para compreendemos hibridação é necessário discutir os movimentos políticos, integração de Estados nacionais e a industria cultural. Nos anos 80 a modernidade era julgada a partir do pensamento pós-moderno, que o autor problematiza devido as articulações que a modernidade estabeleceu com as tradições que tentou excluir ou superar.

Nos anos 90 o pensamento pós-moderno foi substituído pelas ciências sociais, ou seja, a globalização, responsável por criar mercados mundiais de bens materiais e dinheiro, mensagens e imigrantes. Com isso as distancias diminuíram, a fusão entre culturas era maior, pessoas passaram a mudar seu local de origem, a política e educação  se modificaram, assim como o artesanato e a música. 

O autor estuda duas formações multicultural do latino: a neo-hispano-americanização da America Latina e a fusão interamericana. A primeira se refere a presença espanhola na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México, Pera e Venezuela. O segundo se refere aos processos de fusão entre os povos norte-americano e os latino-americano, fala da resistência em aceitar as formas de hibridação porque elas geram insegurança nas culturas. 

Representação do mundo misturado, não existem fronteiras.

O que mudou na última década

A América Latina passa por um descontrole econômico que envolve o desaparecimento da moeda própria, desvalorizações ou fixação pelo dólar.


Para mudar essa situação, país mudou o nome da moeda para real, o que teve efeitos como: presidente ser reeleito, privatização de órgãos estatais e acalmar a tensão social, o que aconteceu somente por tempo temporário. 

Moedas para representar a situação e mudança em que o país passou. 

Políticas de hibridação

O autor nos lembra que as ações políticas e econômicas podem fortalecer o espaço publico transnacional, que globaliza os direitos cidadãos, além do reconhecimentos das hibridações multinacionais, para que estas culturas não se percam na ditadura homogeneizadora do mercado mundial.

Também diz que o mais importante não é conceituar hibridação, mas sim como continuar a construir princípios teóricos e práticos que nos ajudem a traduzir o mundo que vivemos, para que se seja possível conviver com todas as diferenças que existem e aceita-lá.


Por fim, fala da importância da arte e cultura, que eles são reflexos da hibridação, são instáveis conflituosas. Assim como também são fruto de hibridação, eles não se deixam hibridar, como o autor diz que nesse processo ocorre a fusão e o conflito, a linguagem e a vertigem.

Reconhecimento da cultura indígena em um plano global, seria o reconhecimento das diversas culturas existentes.